
Uma das mais extraordinárias revelações da literatura espírita na atualidade, Lygia Barbiére Amaral é jornalista, com pós-graduação em teatro, mestrado em literatura brasileira e especialização em telenovelas, tendo, inclusive, trabalhado em alguns guiões para emissoras de televisão no Brasil. Através dos seus livros, procura auxiliar as pessoas que, desconhecendo os postulados espíritas, enfrentam dificuldades para superar os seus problemas.
“Desde que me lembro, ando sempre com um pequeno caderno, anotando histórias… Escrevi a minha primeira história logo após ser alfabetizada. Chamava-se A Princesinha Anita. Na escola onde estudava, havia um pequeno jornal e o primeiro sonho íntimo de que me recordo era escrever uma história para que fosse publicada. Tinha uns cinco anos. Então, escrevi, toda contente, e no dia seguinte a directora chamou a minha mãe para reclamar que os pais não podiam escrever pelos filhos. A minha mãe ficou surpresa, pois nem sequer sabia de nada; trabalhava dando aulas à noite e nem me tinha visto a escrever…
Digo isto tudo para explicar que sempre foi assim. Nasci com esta compulsão de escrever. Não era algo que eu desejasse, era uma necessidade. Até quando brincava com bonecas, escrevia à noite num caderno as ‘cenas’ que iria fazer no dia seguinte.
Na escola, os meus colegas diziam sempre que, quando crescesse, eu me tornaria escritora. Achava aquilo surreal, pensava: ‘imaginem, eu…’. Sinceramente, não achava possível. Pensava em Drummond, Rubem Braga, Lygia Fagundes Telles, todos aqueles grandes nomes da Língua Portuguesa. Era como se estivessem de um lado de um rio e eu do outro, sem uma ponte para atravessar. Mas ficava emocionada quando os meus amigos escreviam isso nos meus cadernos de escola, aqueles que passávamos no final do ano para toda a gente escrever alguma coisa. Gostava de fazer redacções e colocar todos os colegas da sala como personagens. A professora chamava-me para ler à frente da turma e eu ficava morta de vergonha, mas, no fundo, gostava, porque adorava ver os colegas rirem daquilo que eu tinha inventado. São momentos que guardo com muito carinho no meu coração.
Acabei por ingressar na faculdade de jornalismo. O meu pai sonhava que eu seguisse medicina, toda a família esperava algo mais de mim. Mas, na hora decisiva, não consegui; sentia que precisava de fazer algo que envolvesse texto, não podia seguir outro caminho.
Foi então que o caminho se iniciou de facto. Naquele momento, o meu grande sonho era escrever telenovelas, mas não sabia como lá chegar. Formei-me em jornalismo e fui trabalhar no jornal O Globo, até que surgiu um concurso para argumentistas na Globo. Chorei no dia em que vi o anúncio publicado, era como se tivesse esperado por isso a minha vida inteira. Era preciso fazer uma adaptação de um texto de Machado de Assis e enviá-lo para concorrer. Havia mais de 500 candidatos de todo o Brasil. Fui selecionada entre os oito finalistas. Desses, ficaram cinco, depois três, e eu continuei. Mas, de repente, a oficina acabou, ninguém soube exactamente porquê e nada do que produzimos foi aproveitado. Decidi então estudar estrutura dramática. Queria aprender a fazer telenovela nos mínimos detalhes para um dia conseguir regressar. Mas onde estudar sobre telenovela? O Brasil é o maior produtor mundial de telenovelas, mas a intelectualidade brasileira ainda tem um enorme preconceito em relação ao género. Consideram-no uma forma menor de literatura, sem pensar que é esta a literatura que efectivamente chega a todas as pessoas, de todas as classes, em todos os lugares do país.
Resolvi, então, fazer um mestrado em teatro para, através da dramaturgia, chegar à telenovela. Quando terminei todos os créditos, não havia um orientador na universidade que fosse dessa área, e acabei por concluir a pós-graduação sem uma dissertação final. Mais tarde, fui aceite no departamento de Letras da PUC, onde concluí um mestrado em Letras, abordando a estrutura dramática da telenovela brasileira.
A argumentista e escritora carioca Lygia Barbiére Amaral é casada e mãe de quatro filhos – Sophia (17 anos), Alice (14 anos), Estevão (11 anos) e Miguel (5 anos). A viver há 20 anos em Caxambu (MG), formada em jornalismo, pós-graduada em teatro e com mestrado em literatura brasileira, apaixonou-se pela literatura ainda em criança, o que a motivou, mais tarde, a ser professora de língua portuguesa. “Mas sempre soube que iria escrever.”
Autora de obras de sucesso, entre elas O Jardim dos Girassóis, a autora entrelaça as ideias espíritas em emocionantes histórias de personagens que enfrentam dilemas existenciais como síndrome do pânico, alcoolismo, depressão, regressão de memória, suicídio e diabetes…
Obras
O jardim dos girassóis
Entre nós
O silêncio dos domingos
A luz que vem de dentro
Castelos de marzipã
A ferro e flores
Um tom acima
O sono dos hibiscos
Após a chuva